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A Oca do Alto Xingu: Sabedoria Ancestral em Arquitetura Sustentável



As ocas do Parque Nacional do Xingu, no Alto Xingu, são mais do que simples habitações indígenas. Elas combinam tradição, funcionalidade e uma profunda conexão com a natureza, destacando-se como exemplos incríveis de arquitetura sustentável e resiliente. Construídas com técnicas ancestrais, essas estruturas oferecem conforto e segurança, além de resistirem admiravelmente a condições climáticas extremas como ventos fortes, tempestades e chuvas intensas.


Sistema Construtivo: Estrutura, Materiais e Design

1. Estrutura Principal

A base da oca é formada por pilares centrais e periféricos que sustentam toda a construção:

  • Materiais Locais e Resistentes:

    Os pilares são feitos de madeiras duráveis, enterrados profundamente no solo para garantir estabilidade.

  • Amarrações Naturais:

    As conexões são feitas com embira ou cipós, proporcionando flexibilidade à estrutura e permitindo que a oca absorva forças externas como o vento sem sofrer danos.

2. Cobertura com Palha de Sapé

A cobertura protege a oca das intempéries:

  • Forma Aerodinâmica:

    O telhado arredondado ou cónico desvia os ventos fortes e facilita o escoamento rápido da água da chuva.

  • Camadas de Palha:

    Camadas densas e sobrepostas de palha de sapé criam uma barreira impermeável contra chuvas torrenciais e secam rapidamente, evitando apodrecimento.

  • Fixação Resistente:

    A palha é amarrada firmemente com embiras, garantindo que permaneça no lugar mesmo durante tempestades.

3. Fundação e Drenagem

A conexão da oca com o solo é vital para sua durabilidade:

  • Pilares Enterrados:

    Os pilares são fixados em buracos profundos preenchidos com terra compactada, aumentando a resistência a ventos e deslizamentos.

  • Drenagem Natural:

    O solo ao redor é ligeiramente inclinado para permitir o escoamento da água da chuva, prevenindo alagamentos e mantendo a base seca.



Resistência a Condições Climáticas Extremas

As ocas do Xingu são projetadas para enfrentar ventos intensos, chuvas fortes e outras adversidades climáticas:


  • Flexibilidade Dinâmica:

    A estrutura flexível permite que a oca se mova com o vento, minimizando o risco de danos.


  • Impermeabilidade:

    O telhado de palha e o design aerodinâmico garantem que a água da chuva seja rapidamente escoada, evitando infiltrações.


  • Ventilação Natural:

    A circulação de ar é facilitada por aberturas na base e no topo, mantendo o interior seco e confortável mesmo em alta humidade.


Construção Colectiva: Uma Práctica Cultural

Construir uma oca é um evento comunitário que fortalece os laços sociais. O proprietário reúne materiais como madeira, palha e embira, enquanto os homens da aldeia participam na construção. Esse esforço colectivo mostra como a arquitectura pode refletir e reforçar a coesão da comunidade.


Dimensões e Simbolismo

As ocas podem medir até 30 metros de comprimento, 10 metros de largura e 10 metros de altura, acomodando várias famílias da mesma linhagem. Além de sua função práctica, essas estruturas têm um significado cultural profundo.


Sustentabilidade e Sabedoria Ancestral

As ocas são exemplos de uma arquitectura que respeita o meio ambiente e utiliza recursos locais de forma eficiente. A escolha de materiais renováveis como madeira e palha, junto com técnicas de construção sustentável, oferece lições valiosas para a arquitectura moderna, especialmente num momento onde a crise ambiental exige soluções mais conscientes.









Construir de forma sustentável, como as ocas do Alto Xingu, mostra o poder da tradição e da natureza trabalhando juntas. Abraçar esses princípios pode levar à criação de lares que são não apenas belos e funcionais, mas também profundamente conectados ao nosso ambiente e às nossas comunidades. Imagens e vídeos de António Banavita


 

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